segunda-feira, 28 de junho de 2010

"the music of the night"


Dim light sharpens and heightens each sensation
Darkness burns and awakens the imagination
Silently, the senses abandon their defenses

Slowly, gently, you unfold your splendor
To grasp it, sense it, tremulous and tender Turn your face this way
To the fading light of day,
Turn your thoughts away from cold unfeeling mind
And listen to the music of the night
Close your eyes and surrender to your wildest dreams

Purge your thoughts of the life you knew before
Close your eyes and your spirit will soar

Then, you'll live as you've never lived before

Softly, kindly, a whisper shall caress you

Hear it, feel it, secretly possessing you

Open your mind and let your fantasies unwind

In this desire that you know you cannot fight
The passion of the music of the night


Let your heart start a journey through a great new world

Leave all thoughts of the life you knew before
Let your soul take you where you long to be

Only then can you belong to me


Longing, falling, sweet intoxication
Touch me, trust me, and savor each sensation

Let the dream begin, let your conscious mind give in

To the power of the music that we make
The power of the music of the night


You alone
Can make my song take flight
Help me make the music of the night


by Andrew Lloyd Webber

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

MADEIRA... perola do Atlântico... ilha do meu coração



"Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses
impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,

Porque é que nos criastes?!
Incessante
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,

Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,

Ter ficado a dormir eternamente?


Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
"

Antero de Quental




Força a todos os madeirenses e coragem para enfrentar as adversidades...
Os meus sinceros pêsames a todos os que perderam alguém nesta catástrofe...

Um beijo a todos os meus que felizmente estão bem...



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Remédio para o Pessimismo


Queixas-te porque não encontras nada a teu gosto?
São então sempre os teus velhos caprichos
Ouço-te praguejar, gritar e escarrar...
Estou esgotado, o meu coração despedaça-se.
Ouve, meu caro, decide-te livremente.
A engolir um sapinho bem gordinho,
De uma só vez e sem olhar.
É remédio soberano para a dispepsia.

Friedrich Nietzsche

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Profecia


Nem me disseram ainda
para o que vim.
Se logro ou verdade,
se filho amado ou rejeitado.
Mas sei
que quando cheguei
os meus olhos viram tudo
e tontos de gula ou espanto
renegaram tudo
— e no meu sangue veias se abriram
noutro sangue...
A ele obedeço,
sempre,
a esse incitamento mudo.
Também sei
que hei-de perecer, exangue,
de excesso de desejar;
mas sinto,
sempre,
que não posso recuar.

Hei-de ir contigo
bebendo fel, sorvendo pragas,
ultrajado e temido,
abandonado aos corvos,
com o pus dos bolores
e o fogo das lavas.
Hei-de assustar os rebanhos dos montes
ser bandoleiro de estradas.
— Negro fado, feia sina,
mas não sei trocar a minha sorte!

Não venham dizer-me
com frases adocicadas
(não venham que os não oiço)
que levo caminho errado,
que tenho os caminhos cerrados
à minha febre!
Hei-de gritar,
cair, sofrer
— eu sei.
Mas não quero ter outra lei,
outro fado, outro viver.
Não importa lá chegar...
O que eu quero é ir em frente
sem loas, ópios ou afagos
dos lábios que mentem.

É esta, não é outra, a minha crença.
Raios vos partam, vós que duvidais,
raios vos partam, cegos de nascença!

Fernando Namora

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Miseria Occulta



Bate nos vidros a aurora,
Vem depois a noute escura;
E o pobre astro que ali móra,
Não abandona a costura!

Para uns a vida é d'abrolhos!
Para outros mouta de lyrios!
Bem o revelam seus olhos,
Pisados pelos martyrios!

Miseria afugenta tudo!
Miseria tem dons funestos!
Quem é que gaba o velludo
D'aquelles olhos honestos!...

Ninguem seus olhos brilhantes
Descobre n'essas alturas...
E aquellas formas tão puras,
E aquellas mãos elegantes!

Sempre á costura inclinada!
Morra o sol ou surja a lua
Nunca vi descer á rua
Aquella loura encantada!

Aquelle lyrio dobrado
Por que assim vive escondido!
Eu bem sei!--não tem calçado!
E é muito usado o vestido!

Por isso não tem porvir
Morrerá virgem e nova,
E aguarda-a bem cedo a cova...
Que eu bem a ouço tossir!

Miseria afugenta tudo!
Miseria tem dons funestos!
Quem é que gaba o veludo
D'aquelles olhos honestos!

Pobre flor desfalecida
Tão nova e ainda em botão!
Como teve estreita a vida,
Terá estreito o caixão!

António Gomes Leal


Dedicado com muito amor a quem nunca esquecerei,
Vera Farinha amiga querida

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A NOITE DE NATAL


"Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.

Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.

Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.

– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos."

Mário de Sá-Carneiro



Feliz Natal a todos

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sentes, Pensas e Sabes que Pensas e Sentes


Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?

Então as plantas têm idéias sobre o mundo?

Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas:

Só me obriga a ser consciente.


Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.

Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.


Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.

Ninguém pode provar que é mais que só diferente.


Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.

Sei isto porque elas existem.

Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.

Não sei mais nada.


Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.

Sim, faço idéias sobre o mundo, e a planta nenhumas.

Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;

E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,

Como que sou inferior.

Mas não digo isso: digo da pedra, "é uma pedra",

Digo da planta, "é uma planta",
Digo de mim, "sou eu".
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?


Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"